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quarta-feira, 12 de junho de 2013

Is That True Now?

Costumava a achar que...um sorriso bonito fazia meu dia feliz.
Achar que gentileza era um ato de bondade, educação era uma qualidade.
Ainda é.
Não sabia ao certo o que era realmente bonito.
Uma vez vi uma obra de arte e apenas vi cores, formas...
Era algo bonito
Ainda é.
Nunca achei que meu conceito era totalmente diferente do que realmente é.

Uma criança inocente. Sem malícia alguma. Que não sabe nem andar sozinha na rua. Que tem cabelos pretos, olhos azuis, e pele branca. Presa num quarto escuro encolhida num canto. Tem tanto medo do mundo que...não consegue nem ter liberdade para brincar. Sua pele é toda lisa sem nenhum arranhão. Tem medo do sol. De barulho. De pessoas.
Ela nunca será libertada se não sentir vontade de brincar.
Nunca.
Mas aos poucos, ela vai entendendo.
E aprendendo.
E se sentindo a vontade.
Ela quer sair. Então ela abre a porta.
E devagar, nas pontas dos pés...ela coloca o pé para fora.
Se olha no espelho e sorri.
Sorri não para parecer bonita, até porque seu sorriso está incompleto.
Ela sorri com o coração. Com a alma.
Não sente necessidade de arrumar o cabelo. De vestir alguma roupa que lhe valorize.
Só quer brincar de ser feliz
Então ela pinta um quadro cheio de cores, com formas...

Eu passo por ele e acho bonito.
Mas apenas isso.
Um dia eu a encontrei na rua brincando. Era uma simples criança sem rumo.
Não sabia nada sobre ela.
Nem sua idade. Seus pais. Sua crença e cultura.
Não sabia nada.
Mas...sabia que ela era uma criança pura e inocente. e carregava o quadro nas mãos.
Via em seus olhos.
Ela me deu a mão e sentamos para conversar.
Lhe contei sobre mim, pois ela me pediu. Senti liberdade para dizer, então disse.
Que...o mundo é muito cruel. Que tenho medo de coisas.
Que tenho medo do amor.
Ela se assustou.
- Amor? tem medo de amor? - ela perguntou com a voz doce.
- Sim...Tenho. Ninguém ama ninguém.
Então ela me abraçou.
- Por que tem medo de amor? - ela perguntou.
Seus olhos estavam cheios de água.
Eu...estava sem reação.
- Eu acho que era ganância... - ela disse.
Ela me olhava tão profundamente. Nunca tinha reparado em outros olhos a não ser os meus nos dias de lágrimas pelo reflexo do espelho.
E parecia que eu enxergava sua alma. Cheia de luz e tão clara quanto a sua pele.
Ela não disse nada. E eu também não.
Peguei a sua mão e começamos a caminhar juntas.
Ela tropeçava as vezes e segurava a sua mão. Era tão nova nesse mundo que não conseguia coordenar seus próprios passos.
Eu não conseguia soltar sua mão. Não conseguia deixa-la ir.
Não era sua mãe. Nem sua irmã. Não era nada.
Eu não tinha obrigação de cuidá-la.
De amá-la.
Mas eu não conseguia deixá-la ir.
- Você não está sozinha nesse mundo. - ela disse. - Eu tenho você. Você me tem.
Eu a adotei como minha. Não queria mostrar ao mundo sua beleza. Queria apenas admirar.
Ensinei brincadeiras, expliquei sobre as coisas, descobrimos coisas...
Não queria ver se seu sorriso era perfeito. Só queria que sorrisse.
Ela não me abraçava com o corpo. Me abraçava com a alma.
Eu a amava.
O tempo me fez amá-la.
Ela não fingiu gostar de mim. Ela poderia se soltar e sair correndo. Mas não a forcei. Também não perguntei se ela caminharia comigo, pois ela também não teria essa resposta. Tinha acabado de me conhecer. 
Apenas começamos a conviver juntas e reparamos que não era mais possível vivermos separadas.
Queria apenas pra mim.
Me sentiria triste se um dia ela quisesse ir embora, mas...eu não consigo controlar suas emoções. Somos diferentes, temos gostos diferentes e ela tem suas vontades. Toma decisões.
Mas ela ainda caminha comigo.
Não tinha orgulho de estar com alguém. Mas de estar com ela.
Ela disse que me amava.
Não quero mostrar que sou amada. Só quero ser amada.
Ela pediu para que eu olhasse o quadro novamente.
Queria entender o que ela tinha feito ali.
Então ela virou de ponta cabeça
E eu vi minha imagem. Sorrindo.
- Algo me dizia que era pra desenhar esse rosto. O seu rosto. - ela disse.
Comecei a chorar sem motivo.
O quadro não tinha apenas cores. Tinha lembranças, pensamentos, sentimentos, conceitos...
Era lindo.
Realmente lindo.
Ela sorriu.
- Agora sente medo do amor? - ela perguntou. - Sente medo de mim? De amar? - ela ficou realmente preocupada.
Seus olhos estavam arregalados e seus ombros estavam tensos com medo da resposta.
Sorri achando aquilo tudo uma tolice minha.
- É claro que não. - respondi.
Ela sorriu e segurou minha mão novamente e continuamos nosso caminho.

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