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quinta-feira, 27 de junho de 2013

Amor de Infância

   Sabe...eu achei que amar era simplesmente reservar um tempo do dia para ficar imaginando cenas com a pessoa perfeita na sua vida.
   Que era pensar nos momentos perfeitos e sorrir
   Que era ter vergonha de estar perto
   Que era medo de se declarar.
   Que é amar defeitos e qualidades.
   Todo mundo diz que é assim. Então por que eu sinto diferente?
 
   Eu não reservo esse tempo pra pensar. Eu não consigo parar de pensar. Não consigo NÃO pensar.
   Eu não tento lembrar dos momentos perfeitos. Eu fecho os olhos e vejo. Eu passei nos lugares que me fazia lembrar desses momentos, e parecia que estava acontecendo naquele momento. Eu conseguia ver. Ouvir. E sinto saudade.
   Eu não sinto vergonha de estar por perto. Eu me sinto triste por não conseguir nem conversar direito, sabendo que as coisas nunca vão voltar a serem como antes.
   Nunca vamos brincar e sorrir como antes. Afinal, agora somos "adultos".
   Nunca mais vai me proteger quando brincarmos de pega-pega
   A essência da pureza e da inocência...
   Fui me declarar quando declarou amor por outra garota.
   Fiquei triste? Sim. Chateada apenas, pois se estava feliz era o que importava.
   Eu não amo seus defeitos. Que defeitos?
   E...depois de tanto tempo que está tão diferente...
   Seu jeito não é mais o mesmo.
   Sua voz
   Seus pensamentos.
   Seus ombros ficaram largos.
   Acho que me perdi no tempo e não percebi quanto tempo passou e ainda gosto de você.
   Achei que tinha passado. Mas não. O sentimento só estava enterrado, e percebi que eu realmente amava. Isso é amor de verdade não é?
   Acho que sim...
   Eu sei que pisei na bola quando queria falar sério, mas por favor me perdoa...Eu era apenas uma criança com medo.
   Sei que feri seus sentimentos.
   Mas...vê como é perfeito? Nós nos amávamos!
   Naquele dia em que você me deu a mão...e disse que tinha algo pra me dizer. Diga que era pra dizer que me amava... Que todas as vezes que estavamos "juntos" é porque me amava...
   Se não era isso, era o que?
   E eu só tenho a agradecer pelos belos momentos. Não sabia que amor de infância iria se tornar algo tão único, tão especial...inesquecível.
   Será que você ainda se lembra como eu me lembro?
   x.x
   Não é apenas uma paixão...afinal já se passaram mais de uma década. Nunca ficamos juntos, nem se quer tocamos no assunto. Mas...nada mudou dentro de mim.
   Então, pela primeira vez...Te amo.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

CAP 3 parte 2

Fomos indo adentro da floresta.
Nichkhun parou ao lado de uma árvore.
Ele olhou para Kai.
Kai assentiu uma vez.
Nichkhun agachou no chão e deu um soco contra a terra de forma bruta.
Abriu uma escadaria.
Ele fez um gesto nos chamando para descer.
Fiquei em choque por um longo tempo.
  Como ele tinha feito aquilo?!
Entramos na cratera, e Kai olhou pra cima.
Ele colocou a mão na terra acima e a grama começou a crescer.
Kai estava de olhos fechados fazendo a cratera se fechar.
" Não enxergo nada!" - pensei.
Nichkhun pegou na minha mão.
" Vamos indo"
Todos pareciam enxergar bem. Será que era porque...eu era a mais atrasada ali?
  " Sim. É por causa disso mesmo. Você não consegue nem controlar o que quer que eu ouça em seus pensamentos ou não! Nem enxergar no escuro, nem fazer os outros te ouvirem..."
Encontramos uma parte de luz.
Passamos por um túnel de arvores e flores.
Chegamos em uma espécie de salão feita apenas de natureza.
Tinha pedras roxas na parede, flores diferentes.
E...
Do nada todos agacharam no chão e colocaram a mão no peito.
Ninguém levantava a cabeça.
Kai olhou pra mim por um instante.
Olhei para frente e vi uma mulher andando.
Ela chegou perto de mim e levantou o rosto.
" Bem Vinda, Lia!" - ela sorriu.
Eu conhecia ela...
- Eu conheço você!!! - quase gritei.
Todos levaram a mão nos ouvidos.
Menos ela.
Eu falava tão alto assim?!
Ela me olhou esperando que eu fizesse a ligação com ela igual o Nichkhun fez.
Sua pupila se dilatou.
  Ela falava, mas sua boca só se mexia.
Eu não estava entendendo nada.
Ela não falava a minha língua, pois não conseguia ler seus lábios.
Todos estavam mexendo os lábios, mas eu não conseguia entender nada.
Ela colocou a mão no meu ombro.
" Você vai ter que passar bastante tempo comigo." - ela pensou.
Assenti.
Ela sorriu e passou por nós.
Quando ela saiu da sala, todos se levantaram e continuaram a fazer suas coisas.
Kai me olhou confuso.
Nichkhun virou-se pra mim.
" Lembra dela?" - Nichkhun perguntou.
" Lembro, mas não muito bem. Eu a vi em meu sonho."
Comecei a lembrar das imagens e Nichkhun sorriu.
" Ela é a Rainha de EXO." - Nichkhun disse.
" Rainha?!"
" Sim."
" Wow..."
Todos ficavam olhando pra mim como se eu fosse uma anormal. Eu era uma anormal.
Estava um silêncio, mas todos conversavam. Parecia que eu estava surda.
Kai olhou uma flor no chão.
Ele pegou e fechou os olhos. A flor começou a pegar cor e parecia estar revivendo.
Ele olhou pra ela e inalou o cheiro.
Sorri pra ele.
Ele a estendeu pra mim.
Isso parecia ter acontecido.
Nichkhun ficou nos olhando.
Eu a peguei nas mãos, mas nenhuma lembrança me veio.
Eu sabia que já tinha acontecido isso. Só não sabia como, nem onde, nem com quem, nem se foi o Kai que tinha me dado essa flor.
Essa flor. Era muito bonita. E lembrava dela.
Nichkhun olhou pra baixo.
Ele disse algo som.
Kai fitou o nada e saiu andando.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Is That True Now?

Costumava a achar que...um sorriso bonito fazia meu dia feliz.
Achar que gentileza era um ato de bondade, educação era uma qualidade.
Ainda é.
Não sabia ao certo o que era realmente bonito.
Uma vez vi uma obra de arte e apenas vi cores, formas...
Era algo bonito
Ainda é.
Nunca achei que meu conceito era totalmente diferente do que realmente é.

Uma criança inocente. Sem malícia alguma. Que não sabe nem andar sozinha na rua. Que tem cabelos pretos, olhos azuis, e pele branca. Presa num quarto escuro encolhida num canto. Tem tanto medo do mundo que...não consegue nem ter liberdade para brincar. Sua pele é toda lisa sem nenhum arranhão. Tem medo do sol. De barulho. De pessoas.
Ela nunca será libertada se não sentir vontade de brincar.
Nunca.
Mas aos poucos, ela vai entendendo.
E aprendendo.
E se sentindo a vontade.
Ela quer sair. Então ela abre a porta.
E devagar, nas pontas dos pés...ela coloca o pé para fora.
Se olha no espelho e sorri.
Sorri não para parecer bonita, até porque seu sorriso está incompleto.
Ela sorri com o coração. Com a alma.
Não sente necessidade de arrumar o cabelo. De vestir alguma roupa que lhe valorize.
Só quer brincar de ser feliz
Então ela pinta um quadro cheio de cores, com formas...

Eu passo por ele e acho bonito.
Mas apenas isso.
Um dia eu a encontrei na rua brincando. Era uma simples criança sem rumo.
Não sabia nada sobre ela.
Nem sua idade. Seus pais. Sua crença e cultura.
Não sabia nada.
Mas...sabia que ela era uma criança pura e inocente. e carregava o quadro nas mãos.
Via em seus olhos.
Ela me deu a mão e sentamos para conversar.
Lhe contei sobre mim, pois ela me pediu. Senti liberdade para dizer, então disse.
Que...o mundo é muito cruel. Que tenho medo de coisas.
Que tenho medo do amor.
Ela se assustou.
- Amor? tem medo de amor? - ela perguntou com a voz doce.
- Sim...Tenho. Ninguém ama ninguém.
Então ela me abraçou.
- Por que tem medo de amor? - ela perguntou.
Seus olhos estavam cheios de água.
Eu...estava sem reação.
- Eu acho que era ganância... - ela disse.
Ela me olhava tão profundamente. Nunca tinha reparado em outros olhos a não ser os meus nos dias de lágrimas pelo reflexo do espelho.
E parecia que eu enxergava sua alma. Cheia de luz e tão clara quanto a sua pele.
Ela não disse nada. E eu também não.
Peguei a sua mão e começamos a caminhar juntas.
Ela tropeçava as vezes e segurava a sua mão. Era tão nova nesse mundo que não conseguia coordenar seus próprios passos.
Eu não conseguia soltar sua mão. Não conseguia deixa-la ir.
Não era sua mãe. Nem sua irmã. Não era nada.
Eu não tinha obrigação de cuidá-la.
De amá-la.
Mas eu não conseguia deixá-la ir.
- Você não está sozinha nesse mundo. - ela disse. - Eu tenho você. Você me tem.
Eu a adotei como minha. Não queria mostrar ao mundo sua beleza. Queria apenas admirar.
Ensinei brincadeiras, expliquei sobre as coisas, descobrimos coisas...
Não queria ver se seu sorriso era perfeito. Só queria que sorrisse.
Ela não me abraçava com o corpo. Me abraçava com a alma.
Eu a amava.
O tempo me fez amá-la.
Ela não fingiu gostar de mim. Ela poderia se soltar e sair correndo. Mas não a forcei. Também não perguntei se ela caminharia comigo, pois ela também não teria essa resposta. Tinha acabado de me conhecer. 
Apenas começamos a conviver juntas e reparamos que não era mais possível vivermos separadas.
Queria apenas pra mim.
Me sentiria triste se um dia ela quisesse ir embora, mas...eu não consigo controlar suas emoções. Somos diferentes, temos gostos diferentes e ela tem suas vontades. Toma decisões.
Mas ela ainda caminha comigo.
Não tinha orgulho de estar com alguém. Mas de estar com ela.
Ela disse que me amava.
Não quero mostrar que sou amada. Só quero ser amada.
Ela pediu para que eu olhasse o quadro novamente.
Queria entender o que ela tinha feito ali.
Então ela virou de ponta cabeça
E eu vi minha imagem. Sorrindo.
- Algo me dizia que era pra desenhar esse rosto. O seu rosto. - ela disse.
Comecei a chorar sem motivo.
O quadro não tinha apenas cores. Tinha lembranças, pensamentos, sentimentos, conceitos...
Era lindo.
Realmente lindo.
Ela sorriu.
- Agora sente medo do amor? - ela perguntou. - Sente medo de mim? De amar? - ela ficou realmente preocupada.
Seus olhos estavam arregalados e seus ombros estavam tensos com medo da resposta.
Sorri achando aquilo tudo uma tolice minha.
- É claro que não. - respondi.
Ela sorriu e segurou minha mão novamente e continuamos nosso caminho.